Lampião e Maria Bonita, Liliana Iacocca e Rosinha Campos


Terceiro livro do tema "fatos históricos" e décimo quinto do ano do Desafio Literário 2012. A edição é da Ática, 2005. Emprestei na biblioteca do SESC aqui em Pato Branco.

A gente já sabe um pouco da história... Lampião era cangaceiro, casou com Maria Bonita, foram emboscados e exibidos em praça pública.

Pra quem ainda lembra da imagem chocante das cabeças nos livros de história da oitava série, esse livro é um alívio... lindo, do início ao fim. É romance e poesia, mas não deixa de descrever os cangaceiros como bandidos, fora da lei.

Para ver as imagens maiores (eu recomendo!!!), é só clicar em cima delas.

páginas 4 e 5
"Na paisagem castigada do sertão nordestino nasceu o cangaço. Pela miséria, por vingança pelas injustiças, por questões de honra, ou apenas para a prática de valentias, gente simples do povo formava bandos armados e espalhava violência por todo o sertão. Eram os cangaceiros."
Virgulino Ferreira era filho de um pequeno proprietário de terras. Uma noite, um vizinho coronel rouba-lhes o gado. As famílias se estranham em uma luta armada e a polícia intervém, a favor do mais forte. É a primeira batalha. A família Ferreira perde o pai, vende as terras e procura nova morada, mas jovem quer vingança. E numa noite em que busca defender a honra da família, recebe o novo nome:
"Chega a polícia.
Fecha o cerco.
Virgulino pula, se espalha na escuridão, parte para o ataque.
Um tiro, outro, um atrás do outro, infinitos tiros...
O cano do seu rifle em brasas produz brilhos, tantos brilhos, ilumina tudo como se fosse um lampião.
- Lampião! Lampião! Lampião!
- Ele é o Lampião!"
páginas 16 e 17
A vida no cangaço era de moral estranha: defendiam injustiças, mas também roubavam dos pobres, sequestravam suas filhas, faziam acordos com coronéis e políticos corruptos.
"- Será que esses cangaceiros estão do lado dos ricos ou dos pobres?"
Talvez nem eles mesmos soubessem...

páginas 18 e 19
Poderoso. Disso ninguém tinha dúvida. E quando a coluna Prestes se embrenha pelo Nordeste difundindo suas ideias e sua guerrilha, Padre Cícero chama Lampião, lhe dá patente de capitão e pede abandone a vida de bandido.

páginas 24 e 25
Mas a patente que recebeu não tinha valor legal e Lampião desiste do embate com os guerrilheiros e retorna ao cangaço. E então conhece Maria Déia, Maria Bonita, casada com Zé Neném.

páginas 36 e 37
"- Menina, minha vida é arriscada e sem futuro. Você tem um marido e isso é bem melhor do que eu posso oferecer. Ao meu lado você só vai encontrar o perigo e a morte.
- Se eu tiver que morrer amanhã, morro hoje ao teu lado."
E as mulheres começam a se juntar ao bando, sequestradas ou por conta própria, inspiradas em Maria Bonita. Mas a vida no cangaço não era fácil nem pros homens nem pras mulheres. Com o Estado Novo de Getúlio Vargas, a perseguição aos cangaceiros aperta. E eles se refugiam da perseguição na fazenda Angicos.

páginas 50 e 51
E finalmente numa madrugada, o tenente João Bezerra alcança o grupo e coordena a emboscada.

páginas 54 e 55
O cangaço continua, sob a liderança de Corisco e Dadá, até 1940, quando Corisco é morto pela polícia.

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Eu não sei bem o que eram os cangaceiros. Eram justiceiros, mas mataram muita gente, roubaram, queimaram, estupraram, sequestraram. É preciso muita injustiça para justificar tudo aquilo... mas enfim. O livro é lindo e a história é impressionante mesmo. Pra mim, a parte mais bonita vai ser sempre Maria Bonita se apaixonando e fugindo com o homem que amava, apesar da vida dura e da certeza da violência. Violência, mas não da parte de Lampião. É bonito, eu não faria isso nunca, mas é triste demais também.

Que um dia não precisemos justificar quaisquer lutas armadas.

Mais:

As mulheres do cangaço sobreviveram e contaram suas histórias. Dona Sila, cangaceira, mulher de Zé Sereno, foi entrevistada numa das primeiras edições da TPM.

O livro "Lampião, senhor do sertão" traz mais história e entrevistas com os cangaceiros sobreviventes, inclusive dona Dadá, mulher de Corisco. Grande parte do livro está disponível no google books.

Quatro estrelinhas e meia. Em cinco.

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Outras resenhas:

Noite e Dia, Virginia Woolf;
A melhor HQ de 1980;
Água para elefantes, Sara Gruen;
Buracos, Louis Sachar;
Preconceito Linguístico, Marcos Bagno;
O livro do contador de histórias chinês, Michael David Kwan
Oriente. Ocidente, Salman Rushdie
A jogadora de go, Shan Sa
Unhas, Paulo Wainberg
- A mulher do viajante no tempo, Audrey Niffenegger
Pinóquio, adaptação de Guilhaume Frolet
Clara dos Anjos, Lima Barreto
O rapto das cebolinhas, Maria Clara Machado
Cozinheiros Demais, Rex Stout

Comentários

  1. Acho o cangaço fascinante justamente por ser tão incoerente. Nem sei se é a palavra certa, mas, enfim, é uma parte das mais interessantes na história de nosso país - e bem lembrei das fotos dos livros de história!

    Vou correr lá para ler a entrevista.

    Beijos.



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  2. Estou tentando há um tempão achar um bom livro de lampião e Maria Bonita... Qual é este livro?? (Não consegui achar o titulo no texto).
    É para adultos mesmo???
    Já estou no google books vendo as suas dicas.

    Obrigada!!

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    Respostas
    1. Oi Liana!

      O nome do livro é "Lampião e Maria Bonita", a autora é Liliana Iacocca e a ilustradora Rosinha Campos. É infanto-juvenil, dá pra começar a ler lá pelos 8 anos, mas nada impede que um adulto leia... só não dá pra usar como referência em estudos históricos, claro. Aí o melhor é o livro do google books.

      Mas como história romanceada de cangaceiros é bem interessante.

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